Ano 139.700 – A Êxodo dos Elfos Altos e a Busca por Um Novo Lar
A fundação de Quel’Thalas é uma história de perseverança, magia e a eterna busca pelo lar. Esta épica jornada começou com o êxodo dos Elfos Altos, descendentes dos antiquíssimos Elfos Noturnos, da sua cidade natal, a majestosa Suramar, nas terras agora conhecidas como Kalimdor. Após a Guerra dos Anciãos e a cataclísmica destruição da Nascente da Eternidade, os Elfos Altos, liderados por Dath’Remar Fendessol, viram-se forçados a navegar por mares turbulentos e cruzar continentes desconhecidos em busca de um novo começo. Eles rejeitavam a proibição imposta pelos sobreviventes da guerra contra o uso da magia arcana, acreditando na sua indispensabilidade para o seu modo de vida e soberania.
Durante esta jornada angustiante, que se arrastou por muitos anos e custou inúmeras vidas, os Elfos Altos finalmente avistaram as costas do que viria a ser conhecido como o Reino Oriental. Movidos por visões e a sempre presente atração para com os fluxos arcanos, eles viajaram para o norte, seguindo os vestígios da magia que permeava a terra. Sua busca os levou a um local sagrado, uma confluência de linhas ley poderosas conhecida posteriormente como a Nascente do Sol. Cercados por terras férteis e florestas exuberantes, eles sabiam que haviam encontrado o lar que tanto buscavam.
A Fundação de Quel’Thalas e a Criação da Nascente do Sol
Ansiosos para estabelecer suas raízes e recomeçar, Dath’Remar Fendessol e seus seguidores empreenderam a monumental tarefa de construir um novo reino, que seria um bastião da cultura élfica e da prática da magia arcana. Eles nomearam sua nova terra de Quel’Thalas, significando “Alta Casa” em Thalassiano, um testemunho de sua ascendência nobre e das grandes esperanças para seu futuro. A peça central deste novo reino seria a Nascente do Sol, uma fonte mágica criada através da canalização e purificação de um único vial da original Nascente da Eternidade, trazido a salvo através dos mares por Dath’Remar.
A criação da Nascente do Sol foi um feito de magia sem paralelo, transformando as terras ao redor e proporcionando aos Elfos Altos uma fonte inesgotável de energia mágica. Ao redor desta fonte sagrada, eles construíram a esplêndida cidade de Luaprata, um reflexo do esplendor perdido de Suramar, mas destinada a superá-la em beleza e poder. As torres resplandecentes de Luaprata alcançavam o céu, um testemunho do engenho élfico e da sua profunda conexão com as forças arcanas.
A Criação do Escudo de Ban’ethil
Conscientes dos perigos que sua prática incessante de magia arcana poderia atrair, especialmente a atenção maligna da Legião Ardente que já haviam enfrentado em Kalimdor, os líderes de Quel’Thalas tomaram medidas para proteger seu novo lar. Assim, eles criaram o Escudo de Ban’ethil, uma barreira mágica imensa e poderosa que circundaria todo o reino, protegendo-o de invasores e da detecção por entidades hostis. Este escudo não apenas garantiu a segurança de Quel’Thalas mas também simbolizava o isolamento autoimposto dos Elfos Altos, refletindo seu desejo de se concentrarem na reconstrução e na preservação de sua cultura, longe das ameaças externas.
O Apogeu de Quel’Thalas
Nos séculos que se seguiram, Quel’Thalas prosperou como nunca antes. Os Elfos Altos, agora conhecidos como Sin’dorei, ou “Povo do Sangue”, em honra aos sacrifícios feitos durante seu êxodo e as guerras subsequentes, continuaram a aperfeiçoar suas artes, tornando-se magos sem igual em Azeroth. Sua sociedade se desenvolveu em torno da magia da Nascente do Sol, que influenciava todos os aspectos de sua vida, desde a agricultura até a guerra.
Contudo, a dependência cada vez maior dos Elfos Altos em relação à magia da Nascente do Sol também semeou as sementes de futuras tragédias. Enquanto Quel’Thalas atingia novos patamares de conhecimento e poder, as tensões com as nações vizinhas e as ameaças internas começavam a surgir, ameaçando a paz e a estabilidade do reino. A história de Quel’Thalas é uma de incríveis conquistas e de perigos imprevistos, um lembrete da beleza e fragilidade da civilização élfica.
As Primeiras Rachaduras no Reino Eterno
A prosperidade e o isolamento de Quel’Thalas não passaram despercebidos, nem suas fronteiras foram perpetuamente resguardadas pelo Escudo de Ban’ethil. Embora seguros de muitas ameaças externas, os Elfos Altos começaram a enfrentar desafios não apenas de fora, mas de dentro. O uso constante e intensivo da magia arcana começou a cobrar seu preço, criando um vício em sua população que se tornou conhecido como a “Sede de Mana”. Essa dependência crescente era um segredo bem guardado pelos elfos, mas representava uma vulnerabilidade tão grave quanto a ameaça de invasão.
Além disso, a sociedade de Quel’Thalas, embora rica em conhecimento e cultura, era estratificada e imobilizada por rígidas estruturas sociais. A elite dos Elfos Altos, que habitava Luaprata e as áreas ao redor da Nascente do Sol, desfrutava de privilégios consideráveis, enquanto aqueles que viviam nas fronteiras do reino ou nas florestas menos habitadas eram olhados com certa negligência. Essa divisão entre os privilegiados e os menos favorecidos começou a alimentar a discórdia, colocando em risco a unidade de seu povo.
A Ameaça dos Amani
Enquanto Quel’Thalas lutava com suas questões internas, uma ameaça familiar voltava a se erguer em seus limites territoriais. Os trolls do Império Amani, antigos inimigos dos Elfos Altos, nunca aceitaram a presença daqueles que consideravam usurpadores de suas terras ancestrais. Ao longo dos séculos, os Amani lançaram várias incursões contra as fronteiras de Quel’Thalas, cada uma repelida a custo pela magia e astúcia dos elfos.
Contudo, a crescente dependência dos Sin’dorei de sua magia começou a deixar o reino exposto. Os trolls perceberam essa fraqueza e planejaram um ataque em larga escala com o objetivo de aniquilar Quel’Thalas e recuperar suas terras. Este período marcou o início de uma conflituosa era, em que a paz e a estabilidade de Quel’Thalas foram ameaçadas como nunca antes.
Aliança com Arathor
A iminência de um ataque troll sem precedentes impulsionou os líderes elfos a procurarem ajuda externa. Essa busca pela sobrevivência os levou a formar uma aliança com o nascente reino humano de Arathor, marcando a primeira cooperação significativa entre humanos e elfos em Azeroth. Em troca de auxílio militar, os Elfos Altos concordaram em ensinar os humanos as artes da magia arcana, um acordo que teria implicações de longo alcance para ambos os povos.
A aliança entre Quel’Thalas e Arathor culminou na decisiva Batalha de Alterac, onde a combinação de forças elfo-humanas conseguiu repelir e infligir uma derrota devastadora aos trolls Amani. Este triunfo não apenas salvou Quel’Thalas da destruição mas também solidificou a relação entre elfos e humanos, criando um legado de cooperação que se estenderia por gerações.
Consequências e a Marcha do Tempo
A batalha contra os trolls Amani representou tanto uma vitória quanto um despertar para os Elfos Altos. A necessidade dessa aliança com os humanos revelou a eles suas próprias vulnerabilidades, principalmente a dependência perigosa da magia da Nascente do Sol. Embora a paz tenha sido temporariamente assegurada e o reino fortalecido por essa vitória, as sementes da discórdia interna e os desafios do vício em mana continuaram a corroer o tecido da sociedade elfa.
Conforme os séculos passavam, Quel’Thalas adaptou-se e cresceu, mas as lições aprendidas durante esses tempos turbulentos não foram esquecidas. A sociedade de Quel’Thalas se viu obrigada a enfrentar os dilemas gerados pelo equilíbrio entre tradição e progresso, isolamento e cooperação, revelando as complexidades inerentes aos guardiões de tal poder antigo. O reino de Quel’Thalas, imbuído de uma história rica e repleta de contrastes, continuou a se desenvolver, certo de seu lugar em Azeroth, mas sempre atento às sombras do passado.