Ano 139.700 – Prelúdio de Quel’Thalas
A saga dos Elfos Superiores, ou os Quel’dorei como se nomeiam em sua linguagem nativa, é uma narrativa marcada por esplendor e tragédia, inovação e exílio. Este conto começa na sequência da calamidade conhecida como a implosão da Fonte da Eternidade, um evento que não apenas remodelou a geografia de Azeroth, mas também o destino de muitas de suas raças, incluindo os Elfos.
Da Esplêndida Era ao Caos Emergente
Os Elfos, originalmente parte do povo conhecido como Trolls da Selva, foram transformados pelo poder emanado da Fonte da Eternidade, uma fonte de águas mágicas de incomparável poder. Esta transformação os elevou, proporcionando-lhes agilidade, graça e, o mais importante, uma afinidade profunda com a magia. Eles se nomearam Kaldorei, ou “Crianças das Estrelas”, e sob a liderança de sua rainha Azshara, construíram uma civilização que pouco conhecia limites em beleza e conhecimento, centrada em torno da Fonte da Eternidade.
Contudo, o uso desenfreado e imprudente da Fonte atraiu a atenção da Legião Ardente, um exército de demônios consumidos pela busca de destruição de mundos. A subsequente invasão devastou a civilização Kaldorei e culminou na terrível Guerra dos Antigos. Durante o conflito, um grupo de Elfos, descontentes com o uso de magia que julgavam responsável pela cataclísmica invasão, começou a rejeitar suas práticas arcânicas. Em contrapartida, outro grupo, que mais tarde seria conhecido como os Elfos Superiores, continuou devotado ao estudo e uso da magia arcana, considerando-a parte essencial de sua herança e identidade.
O Exílio e a Fundação de Uma Nova Casa
No rescaldo da guerra, com a Fonte da Eternidade destruída e a magia arcana muito menos abundante, os ânimos se acirraram. Os Elfos que se opunham ao uso desenfreado da magia, liderados pelo recém emergido Malfurion Stormrage, advogavam por uma sociedade regida pelos princípios do equilíbrio natural e da harmonia com o mundo ao redor, apostando na proibição do uso da magia arcana. Em contrapartida, os Elfos Superiores, sob a liderança Dath’Remar Sunstrider, recusaram-se a abandonar a magia que formava a essência de seu ser.
Diante da incompatibilidade de suas visões para o futuro, e após crescentes tensões, os Elfos Superiores foram exilados ou, como alguns argumentam, partiram voluntariamente para evitar um derramamento de sangue. Este exílio marcou o início de uma jornada árdua através de terras inóspitas, buscando um lugar para chamar de lar, um lugar onde pudessem praticar suas tradições arcânicas sem medo de perseguição ou represália.
A jornada dos exilados os levou finalmente ao norte, além do Monte Hyjal e das vastas planícies congeladas que viriam a ser conhecidas como Plaguelands. Ali, nas terras que iriam batizar de Quel’Thalas, os Elfos Superiores fundaram uma nova civilização. Utilizando um vaso mágico conhecido como o Poço do Sol, criado a partir de um resquício da Fonte da Eternidade, os Quel’dorei (agora se autodenominando “os Filhos do Sangue” em honra ao preço pago pelo seu exílio) buscavam recriar o esplendor de sua antiga casa e salvaguardar o futuro de seu povo.
Novos Desafios e Legado Eterno
Este exílio e a fundação de Quel’Thalas não seriam o fim dos desafios para os Elfos Superiores, mas o começo de uma nova era cheia de possibilidades e perigos. Em sua nova casa, eles erigiram o Reino de Quel’Thalas, uma sociedade altamente estratificada com a magia arcana no centro de tudo, desde sua arquitetura até sua defesa. Os Elfos Superiores, ao perscrutarem os mistérios arcânicos, não apenas asseguraram a sobrevivência de sua cultura e tradições, mas também semearam as sementes de futuros conflitos que testariam os limites de sua resiliência e determinação.
O exílio dos Elfos Superiores e a subsequente criação de Quel’Thalas são capítulos fundamentais na ampla tapeçaria que compõe a história de Warcraft. Eles refletem temas de perda, resistência e a incessante busca por identidade e lar, narrativas que ressoam profundamente entre os habitantes de Azeroth e os jogadores que trilham seus caminhos neste mundo vasto e imersivo.
A Ascensão de Quel’Thalas e os Desafios Internos
Com a fundação do Reino de Quel’Thalas, os Elfos Superiores, agora conhecidos como os Elfos Sangrentos ou Sin’dorei, iniciaram uma nova era cheia de esperança e potencial. O Poço do Sol, fonte de sua magia e coração do seu reino, simbolizava o ápice do poder e resiliência dos Elfos. Eles construíram uma sociedade onde a magia permeava cada aspecto da vida, desde a agricultura até a defesa. Utilizando feitiços poderosos, criaram uma barreira mágica conhecida como o Escudo de Ban’dinoriel, que protegia Quel’Thalas de intrusos, mantendo o reino seguro por milênios.
Esta nova sociedade, no entanto, não estava isenta de desafios. Embora a magia arcana fornecesse aos Elfos Sangrentos prosperidade e longevidade, ela também gerou dependência. Como com qualquer fonte de grande poder, a tentação de abusar e tornar-se excessivamente dependente dela tornou-se uma preocupação constante. Além disso, a estrita hierarquia e o isolacionismo de Quel’Thalas começaram a semear divisões entre os próprios elfos, bem como entre eles e as outras raças de Azeroth.
Os Amani e a Sombra de Conflitos
Enquanto os Elfos Sangrentos construíam seu reino, não estavam sozinhos em suas novas terras. Os Trolls Amani, nativos destas regiões, viram a chegada dos Elfos e a usurpação de suas terras sagradas como uma afronta. Tensões cresceram rapidamente, desencadeando ciclos de guerras e conflitos sangrentos. Estes embates forçaram os Elfos Sangrentos a aprimorar suas técnicas de guerra e magia defensiva, embora a um grande custo para ambas as partes.
Foi apenas durante a aliança forjada na Segunda Guerra, quando os Elfos Sangrentos se juntaram à Aliança Humana contra a Horda Orc, que eles finalmente conseguiram rechaçar os Trolls Amani de suas fronteiras. Esta vitória, contudo, foi agridoce. Enquanto solidificava o poder dos Elfos Sangrentos, também expôs Quel’Thalas ao mundo, quebrando parte de seu isolamento e trazendo novos desafios diplomáticos e seguindo uma tradição de desconfiança.