Ano 132.000 – Origens Obscuras: O Amanhecer dos Trolls Negros
No cerne das sombras primordiais do mundo de Azeroth, muito antes de reinos e impérios se erguerem e caírem, existia uma raça que viria a definir o legado de muitas gerações: os trolls. Entre as variantes dessa raça astuta e indomável, os Trolls Negros se destacaram pela sua natureza misteriosa e pela profundidade de seu legado. Vivendo nas florestas espessas e nos terrenos inóspitos do que seria conhecido posteriormente como Kalimdor, esses seres robustos e resilientes moldaram as primeiras páginas da história de Azeroth com sombras e sangue.
Os Trolls Negros, diferenciados por sua pele de um azul profundo quase negro, habitavam as cavidades e os vastos sistemas de cavernas sob o que era conhecido como o Monte Hyjal. Sua sociedade era tribal, e eles veneravam e temiam as forças elementais e os espíritos ancestrais com uma devoção que permeava cada aspecto de suas vidas. Eram caçadores, guerreiros, e acima de tudo, sobreviventes em um mundo que ainda se contorcia sob a influência dos deuses antigos e suas criações deturpadas.
A Ascensão dos Aqir: Uma Ameaça Desperta
À medida que os séculos se desenrolavam, os Trolls Negros enfrentaram não apenas as adversidades naturais de Azeroth, mas também ameaças de forças muito mais sinistras. A ascensão dos Aqir, uma raça de criaturas insectoides malignas, emergiu das profundezas da terra, trazendo consigo guerras e destruição. Esses confrontos, que se estenderam por séculos, foram cruciais para a evolução dos Trolls Negros, forjando-os em guerreiros ainda mais ferozes e unindo suas tribos contra um inimigo comum.
Os conflitos com os Aqir não só testaram os limites da resistência dos Trolls Negros mas também levaram à expansão de seu território. À medida que repeliam os insetoides para os confins mais escuros de Azeroth, conquistavam novas terras e recursos, pavimentando o caminho para o estabelecimento de um dos primeiros e mais poderosos impérios trolls: o Império Zul’Aman. Essa era uma época de ouro para os Trolls Negros, uma época onde sua cultura, poder militar e espiritualidade floresceram como nunca antes.
O Reino Bem-Aventurado e a Queda Sombria
Embora o auge dos Trolls Negros tenha marcado uma época de grande poder e expansão, também semeou as sementes de sua futura divisão. O território sob seu domínio era vasto e diversificado, abrigando não apenas florestas densas e montanhas, mas também a venerada e fértil terra que rodeava o Monte Hyjal. Foi neste local sagrado, repleto de uma majestade natural e uma energia mística palpável, que os Trolls Negros cometeriam seu erro mais crucial e irreversível.
Atraídos pela promessa de poder e imortalidade, parte dos Trolls Negros começou a explorar magias cada vez mais obscuras e proibidas, desvinculando-se dos antigos caminhos e despertando a ira dos espíritos e dos elementos que até então os guiavam e protegiam. Esse desvio dos antigos costumes provocou um cisma irreparável entre as tribos, levando à fragmentação do Império Zul’Aman e ao nascimento de novas facções troll, entre elas, os vigorosos Trolls da Floresta e os implacáveis Trolls do Gelo.
Legado
A história dos Trolls Negros é uma crônica de ascensão, divisão e resiliência. De suas origens humildes nas sombras das florestas primordiais de Azeroth, até se tornarem uma das raças mais poderosas e influentes do mundo, seu legado é entrelaçado com os próprios fundamentos da história de Azeroth. Embora desafiados por guerras, divisões internas e a perda de seu império, os Trolls Negros sobreviveram, adaptando-se e persistindo onde muitos teriam sucumbido.
Seu impacto na tapeçaria da história de Azeroth permanece indelével, influenciando não apenas o destino de suas próprias facções fragmentadas mas também das muitas raças e civilizações que surgiriam em suas terras outrora dominadas. Eles são um lembrete do poder da adaptação e da persistência contra adversidades inimagináveis, um eco dos tempos ancestrais que ainda ressoa nos cantos mais sombrios e misteriosos de Azeroth.
O Surgimento dos Elfos da Noite e o Declínio Troll
Com a fragmentação do Império Zul’Aman e a proliferação de tumultos internos entre os Trolls Negros, um novo capítulo estava prestes a ser escrito nas páginas da história de Azeroth. Entre os conflitos e a dispersão das tribos troll, um grupo de Trolls Negros que habitava as proximidades do Poço da Eternidade começou a experimentar uma transformação sem precedentes. A exposição prolongada às energias arcânicas puras do poço desencadeou uma evolução rápida e profunda, distanciando-os de suas origens tribais e dando origem aos Kaldorei, ou Elfos da Noite, como seriam conhecidos posteriormente.
Estes novos seres, elegantes e dotados de afinidades naturais com a magia e a noite, rapidamente estabeleceram uma sociedade complexa e altamente sofisticada. Sua curiosidade e exploração das profundezas mágicas do Poço da Eternidade não só lhes proporcionaram imenso poder como também instigaram distúrbios na ordem natural de Azeroth, atraindo atenção indesejada e desencadeando eventos que levariam à primeira grande catástrofe mundial.

A Guerra dos Antigos e a Ruptura do Mundo
A insaciável sede dos Elfos da Noite pelo poder arcano do Poço da Eternidade inevitavelmente atraiu a atenção de Sargeras, o Traidor e senhor da Legião Ardente. Sedento pelas energias infinitas do poço, Sargeras preparou uma invasão cataclísmica que mergulharia Azeroth em caos e desolação. A invasão da Legião Ardente, marcando o início da Guerra dos Antigos, exigiu uma aliança improvável entre os Elfos da Noite, os remanescentes das tribos Trolls e outras raças de Azeroth para repelir os demoníacos invasores.
A guerra foi brutal e as perdas, inimagináveis. No auge do conflito, a erradicada decisão dos líderes elfos Malfurion Tempestira e Tyrande Sussurra-Lua de destruir o Poço da Eternidade para impedir Sargeras de entrar em Azeroth resultou na Grande Ruptura. Este cataclismo não apenas repeliu a Legião Ardente como também partiu o supercontinente de Kalimdor, criando o mundo fragmentado conhecido pelos povos de Azeroth hoje.
O Legado Perdido e a Dispersão dos Trolls Negros
O cataclismo que se seguiu à Guerra dos Antigos teve implicações significativas para os Trolls Negros restantes. Muitos dos seus territórios ancestrais foram submersos ou destruídos, obrigando-os a se dispersarem ainda mais pelo mundo agora fragmentado. Embora severamente enfraquecidos pelo desenrolar desses eventos, os Trolls Negros se esforçaram por manter suas tradições e identidade, adaptando-se a novos ambientes e desafios.
No entanto, o mundo havia mudado irreversivelmente. Novas raças e nações emergiram, e com elas, novas ameaças e aliados. Os Trolls Negros encontraram a si mesmos cada vez mais marginalizados, um povo outrora poderoso agora lutando pela sobrevivência e relevância em um mundo que não mais lhes pertencia inteiramente.
Um Eco na Escuridão
A história dos Trolls Negros é uma saga de sobrevivência, adaptabilidade e, em muitos sentidos, perda. Desde seus dias de glória no zênite do Império Zul’Aman, passando pelos seus desafios e tribulações na era das convulsões e cataclismos globais de Azeroth, até o seu estado atual, um fragmento disperso de um legado outrora grandioso. Eles resistem, no entanto, testimunhando as eras que moldaram o mundo ao seu redor, lembrando todos de sua duradoura tenacidade e da profunda marca que deixaram na tapeçaria da história de Azeroth.
Ainda que os Trolls Negros possam nunca mais retornar aos seus tempos de antiga glória, seu legado vive nas lendas, nos confrontos esquecidos e nas ruínas misteriosas que pontilham as terras selvagens de Azeroth. Eles são um lembrete da impermanência do poder e da constante evolução do mundo, uma voz ancestral que ainda ecoa nas sombras, aguardando o momento de ser redescoberta e reconhecida.