Ano 147.015 – O chamado mental enviado de Nortúndria pelo Lich Rei foi ouvido por alguns indivíduos poderosos espalhados pelo mundo. Dentre eles, o mais notável era Kel’Thuzad, arquimago de Dalaran, um dos membros seniores do Kirin Tor. Durante anos ele fora considerado um rebelde por insistir em estudar as artes proibidas da necromancia. Determinado a aprender o máximo que pudesse do mundo mágico e de suas maravilhas sombrias, ele se frustrou com os preceitos de seus pares, considerados por ele antiquados e rígidos. Ao ouvir os poderosos chamados de Nortúndria, ele passou a dedicar sua considerável força de vontade a entrar em comunhão com a voz misteriosa. Convencido de que o Kirin Tor era pudico demais para o poder e o conhecimento inerente às artes sombrias, ele se resignou a aprender tudo que pudesse do imensamente poderoso Lich Rei.
Deixando para trás fortuna e prestígio político, Kel’Thuzad abandonou os costumes do Kirin Tor e deixou Dalaran para sempre. Incitado pela voz persistente do Lich Rei em sua cabeça, ele vendeu suas vastas posses e guardou sua fortuna. Após viajar sozinho por léguas e mais léguas de terra e mar, ele finalmente aportou na costa gelada de Nortúndria. O arquimago atravessou as ruínas de Azjol-Nerub, devastadas pela guerra, decidido a chegar à Coroa de Gelo e oferecer seus serviços ao Lich Rei. Kel’Thuzad viu em primeira mão a amplitude e a voracidade do poder de Ner’zhul. Ele começava a perceber que se aliar ao misterioso Lich Rei poderia ser uma atitude sábia e potencialmente frutífera.
Atravessando os ermos árticos por meses a fio, Kel’Thuzad chegou, enfim, à Coroa de Gelo. Ele se aproximou da cidadela negra de Ner’zhul armado de toda a coragem de que dispunha e ficou chocado ao ver que os guardas mortos-vivos o deixaram passar sem esboçar reação, como se o estivessem esperando. Ele desceu às profundezas da terra gelada e chegou ao fundo do glaciar. Lá, na infinda caverna de gelo e trevas, ele se prostrou diante do Trono de Gelo e ofereceu sua alma ao sombrio senhor dos mortos.
O Lich Rei estava satisfeito com seu mais novo recruta. Ele prometeu a Kel’Thuzad imortalidade e imenso poder em troca de sua lealdade e obediência. Ávido pelo pelo poder e conhecimento das trevas, Kel’Thuzad aceitou sua primeira grande missão: voltar ao mundo dos vivos e fundar uma nova religião que veneraria o Lich Rei como um deus.
Para ajudar Kel’Thuzad em sua missão, Ner’zhul manteve sua humanidade intacta. O idoso, porém carismático teurgo, se ocupou em usar seus poderes de ilusão e persuasão para atrair as massas oprimidas e desiludidas de Lordaeron e garantir sua fé e lealdade. Uma vez que a massa aceitou sua palavra, ele lhes ofereceu uma nova visão de como poderia ser a sociedade, além de um nova figura para ser chamada de rei.
Kel’Thuzad regressou a Lordaeron disfarçado e por três anos usou sua fortuna e inteligência para formar uma irmandade clandestina que unia homens e mulheres a um mesmo propósito. A irmandade, chamada de Seita dos Malditos, prometia a seus acólitos igualdade social e vida eterna em Azeroth, em troca de serviços e obediência a Ner’zhul. Com o passar dos meses, Kel’Thuzad encontrou muitos seguidores ávidos em meio aos sobrecarregados e fatigados trabalhadores de Lordaeron. Foi surpreendente a facilidade com que Kel’Thuzad alcançou seu objetivo. A saber: minar a fé dos cidadãos na Luz Sagrada e transferi-la para a obscura sombra de Ner’zhul. À medida que a Seita dos Malditos crescia em número e poder, Kel’Thuzad se esforçava para esconder suas maquinações das autoridades de Lordaeron.
Com o êxito de Kel’Thuzad em Lordaeron, o Lich Rei começou os preparativos para sua investida final contra a civilização humana. Ele depositou a peste em uma série de artefatos portáteis chamados de “caldeirões pestilentos” e ordenou a Kel’Thuzad que os levasse a Lordaeron, onde deveriam ser escondidos nas várias vilas sob o controle da seita. Os caldeirões, protegidos pelos leais seguidores da seita, agiriam como geradores da peste, espalhando a maldição pelas fazendas e cidades do norte de Lordaeron, que de nada suspeitavam.
O plano do Lich Rei foi perfeito. Várias vilas do norte de Lordaeron foram contaminadas no ato. Assim como em Nortúndria, os cidadãos que contraíam a peste morriam e se reerguiam para servir o Lich Rei sem jamais questionar sua vontade. Os seguidores de Kel’Thuzad estavam ávidos para morrer e serem reerguidos a serviço do senhor das trevas. Eles se jubilavam com a perspectiva de imortalidade por meio da morte-viva. Com o espalhar da peste, mais e mais zumbis se erguiam vorazes nas terras do norte. Kel’Thuzad, vendo o crescente exército do Lich Rei, o nomeou Flagelo, pois em breve ele marcharia pelos portões de Lordaeron e, se restasse qualquer traço da humanidade na face de Azeroth, seria um traço decadente, que sucumbiria ao flagelo dos mortos-vivos.