O Crepúsculo dos Guardiões
Nos dias mais antigos de Azeroth, os Guardiões de Tirisfal serviam como defensores supremos contra as forças das Trevas. Esses indivíduos possuíam vastos poderes arcanos, concedidos pela ordem secreta chamada Conselho de Tirisfal. Por gerações, os Guardiões eram escolhidos entre os magos mais promissores e benevolentes, sacrificando suas vidas pessoais em prol da proteção do mundo. Nas sombras das grandes cidades e nos recessos mais profundos dos bosques, uma luta oculta persistia contra inimigos invisíveis e de pura malevolência.
Entre os mais venerados desses Guardiões estava Aegwynn, uma mulher cujo poder e sabedoria a tornaram uma figura lendária. Sua linhagem era de uma pureza arcana inigualável, e suas conquistas em batalha contra demônios ecoavam pelos salões de Dalaran e além. Durante séculos de batalhas, ela manteve uma vigilância constante sobre Azeroth, empregando magias de incrível potência para repelir as ameaças sombrias que procuravam engolfar o mundo.
Aegwynn, A Última Guardiã
No entanto, as responsabilidades de Aegwynn como Guardiã começaram a cobrar seu preço. Apesar de sua força incomensurável, o fardo de uma vida solitária, dedicada exclusivamente à guerra e ao segredo, pesava sobre sua alma. O Conselho de Tirisfal, que havia designado seus poderes, também abrigava desconfiança e ciúme em relação a sua força. Sentindo-se cada vez mais isolada, Aegwynn continuava a travar batalhas infernais, mas com um crescente ressentimento em relação aos seus “superiores”, que a viam mais como um peão do que como uma protetora sagrada.
Foi durante uma dessas batalhas, uma que definiria futuros de catástrofe, que Aegwynn enfrentou Sargeras, o Senhor da Legião Ardente. Travando uma luta épica nas terras geladas de Nortúndria, Aegwynn conseguiu, aparentemente, derrotar Sargeras e aprisionou a essência dele em uma câmara esquecida. Contudo, a vitória foi ilusória. O espírito de Sargeras, em um ato de astúcia diabólica, infiltrou-se secretamente na própria essência de Aegwynn, ocultando-se como uma sombra insidiosa em seu ser.
Desconhecendo a extensão da manipulação de Sargeras, Aegwynn se retirou das vistas do Conselho de Tirisfal, preferindo vaguear pelos cantos afastados de Azeroth. Foi durante uma dessas jornadas que ela encontrou Nielas Aran, um mago poderoso e carismático que residia em Azeroth. Aran, um exímio conjurador originalmente da corte de Dalaran e mais tarde um arque-mago independente, experimentava magias de uma forma que encantou Aegwynn.
Entre eles surgiu uma união não apenas de respeito arcano, mas de uma profunda conexão emocional. Nielas e Aegwynn, ambos necessitados de um vínculo humano após anos de solidão e dificuldades, encontraram consolo um no outro. Suas interações variavam de discussões acadêmicas a cooperação no combate a ameaças mágicas. Nestas interações, Aegwynn descartou temporariamente as preocupações com o Conselho de Tirisfal, e, forjada na fornalha de suas experiências comuns e luta compartilhada contra os aliados do caos, floresceu um romance improvável, mas inegável.
O Momento da Concepção
Dessa relação profícua nasceria Medivh, cujo nome significava “Guardiões dos Segredos” na antiga língua dos Kaldorei. A concepção de Medivh não foi apenas um evento biológico, mas um ponto de convergência de poderes arcanos e destino cósmico. Nenhum dos pais sabia ao certo que a semente do futuro Guardião havia sido contaminada pela presença sutil e nefasta de Sargeras.
Durante a gravidez, Aegwynn não suspeitou de nada além do comum. As marés da energia arcana corriam intensamente dentro dela, e ela sentia que o filho que carregava seria um prodígio, destinado a grandes obras e feitos heróicos. Infelizmente, as sombras de Sargeras implantadas em seu ser manipulavam silenciosamente esse destino, tecendo um futuro repleto de conflito e tragédia.
A Nascente do Guardião
Quando Medivh nasceu, suas primeiras semanas de vida foram preenchidas com incidentes mágicos inexplicáveis. Padrões arcanos complexos surgiam espontaneamente ao seu redor, e objetos cotidianos flutuavam e se transformavam sem intervenção visível. Essas manifestações deixaram evidente que Medivh não era uma criança comum; ele fora abençoado – ou amaldiçoado – com um poder além da compreensão.
Nielas Aran, maravilhado e ligeiramente perturbado, começou a fazer preparações para treinar seu filho na arte da magia, já intuindo que os talentos que Medivh demonstrava não eram típicos nem mesmo entre os magos mais dotados. Aegwynn, por outro lado, percebeu o potencial de seu filho como o novo Guardião de Tirisfal, vendo em Medivh um herdeiro que poderia combater as forças das trevas mais eficazmente do que qualquer um antes dele.
Desde o nascimento de Medivh, seus pais sabiam que ele desempenharia um papel crucial no destino de Azeroth. Mas o que eles não sabiam era que a influência sombria de Sargeras residia dentro dele, aguardando pacientemente o momento adequado para se revelar. A própria concepção de Medivh tinha sido manipulada, transformando-o em um veículo para as intenções diabólicas de Sargeras, um prenúncio de futuras calamidades que abalariam o mundo.
O Presságio de um Futuro Incerto
À medida que Medivh crescia, os sinais de seu poder marcaram sua infância e adolescência com eventos extraordinários e, ocasionalmente, perturbadores. Em florestas distantes e torres arcanas, o jovem prodígio exibia habilidades que já superavam as de magos experientes, mas junto com esses dons vinham períodos de inconsciência, onde seu corpo e mente eram tomados por forças incontroláveis.
Aegwynn e Nielas, cada um à sua maneira, procuravam proteger e guiar Medivh, mas suas abordagens frequentemente se chocavam. Aegwynn desejava prepará-lo para a batalha eterna contra a escuridão, enquanto Nielas priorizava uma educação baseada na compreensão e controle dos dons naturais de seu filho. Entre esses dois extremos, Medivh crescia, moldado por um complexo legado de heroísmo e tragédia.
Esta primeira parte da história de Medivh estabelece as fundações de um destino monumental, colocando em foco as forças antagônicas do bem e do mal que moldam sua existência desde a concepção. Medivh, uma figura de inimaginável poder e tormento interno, carregava dentro de si o potencial para ser o maior protetor de Azeroth ou seu mais temível destruidor. O destino do mundo dependia de como ele e os seus próximos enfrentariam essas incontáveis provações e as terríveis revelações que ainda estavam por vir.