Os Primórdios do Santuário Proibido
Aninhada nas regiões sombrias e afastadas de Lordaeron, nos pântanos traiçoeiros de Terras Pestilentas Ocidentais, ergue-se uma construção que é tanto um bastião de conhecimento proibido quanto um berço de horrores inomináveis: Scholomance. Esta masmorra, envolta em segredos e sombras, possui uma história que é tão complexa quanto perturbadora, remontando a um período antes de sua infâmia como o santuário das ciências obscuras e da necromancia.
A origem de Scholomance pode ser traçada até a poderosa família Barov, uma linhagem de nobres influentes e incansavelmente ambiciosos que governava vastas extensões de terras em Lordaeron. Os Barov, sempre ávidos por poder e conhecimento, viram nas terras isoladas perto do Lago do Espelho um local perfeito para a construção de uma fortaleza que serviria não apenas como um símbolo de seu domínio, mas também como um centro de aprendizado que transcendia os limites do conhecimento convencional.
O patriarca da família Barov, fascinado pelos mistérios da vida e da morte, buscou o conhecimento arcano que prometia domínio sobre essas forças eternas. Sua busca o levou a um encontro fatídico com Kel’Thuzad, um dos mais renomados e, posteriormente, infames magos de sua época. Kel’Thuzad, cuja sede por saber o havia colocado em um caminho de descobertas proibidas e sombrias alianças, ofereceu aos Barov não apenas os segredos que buscavam, mas também uma parceria que iria alterar o destino de suas terras para sempre.
Em troca de um acesso irrestrito ao vasto conhecimento necromântico e às artes proibidas, os Barov permitiriam que Kel’Thuzad transformasse as catacumbas sob sua fortaleza em Scholomance — um lugar de aprendizado para aqueles que ousassem mergulhar nas profundezas da necromancia e magias obscuras. O pacto foi selado com promessas de poder e imortalidade, e assim, sob a sombra da ambição e do desejo proibido, Scholomance foi consagrada não apenas como um lar para os Barov, mas como um santuário para os mais obscuros e proibidos saberes.
A Ascensão da Necromancia
Sob a direção de Kel’Thuzad, Scholomance rapidamente cresceu em notoriedade, atraindo para si aqueles cuja sede por poder transcendia os escrúpulos morais. Necromantes, bruxos, e outros praticantes das artes sombrias viajaram de distantes terras de Azeroth para estudar sob a tutela de Kel’Thuzad e seus discípulos. As salas e corredores de Scholomance, uma vez repletas do riso e da vida dos Barov, agora ecoavam com conjurações e experimentos que desafiavam a própria natureza da vida.
Essa transformação do local não ocorreu sem seus próprios horrores. A prática da necromancia requer sacrifícios, tanto metafóricos quanto literais, e Scholomance tornou-se um lugar de medo e desespero para aqueles que foram levados — voluntariamente ou não — para servir como sujeitos de seus experimentos. Relatos de desaparecimentos nas terras próximas começaram a se espalhar, e a terra em si parecia murchar sob a influência corrompedora da magia praticada em seus domínios.
Scholomance: Um Bastião do Terror
Com o passar do tempo, Scholomance solidificou-se como um bastião do poder necromântico, uma instituição cuja mera menção evocava medo e repulsa entre aqueles que se atreviam a sussurrar seu nome. A aliança entre os Barov e Kel’Thuzad, embora proveitosa, serviu apenas para mergulhar ainda mais as terras envolventes em uma escuridão que, uma vez libertada, não poderia ser facilmente contida.
Os eventos que se seguiram, marcados pela ascensão do Flagelo e a queda do Príncipe Arthas, apenas serviram para reforçar Scholomance como um ponto focal de poder necromântico em Azeroth. A história dessa masmorra é uma tapeçaria tecida com traição, ambição e os horrores inomináveis que brotam quando os limites da mortalidade são desafiados em busca de poder. Mesmo agora, as sombras de Scholomance continuam a atrair aqueles que buscam dominar as artes proibidas, cada um acrescentando sua própria nota à sinfonia de terrores que ressoa através de suas paredes ancestrais.
O Legado de Kel’Thuzad e a Consolidação do Poder
À medida que Scholomance florescia sob a sombra doentia do seu propósito sinistro, seu fundador, Kel’Thuzad, emergia como uma figura de poder obscuro e influência crescente dentro dos domínios da necromancia. Sua aliança com o Lich Rei lhe conferiu acesso a conhecimentos e energias que poucos mortais poderiam sequer sonhar. Kel’Thuzad transformou Scholomance não apenas em um centro de aprendizado para aqueles sedentos por dominar a morte, mas também em um bastião estratégico para o Flagelo, fortalecendo assim seu exército de mortos-vivos com novas e terríveis abominações.
A presença de Kel’Thuzad em Scholomance também atraiu criaturas e praticantes das artes sombrias de todos os cantos de Azeroth. Esses indivíduos, muitos marginalizados ou perseguidos em suas próprias terras, encontraram refúgio e propósito sob a égide de Scholomance. Com o tempo, a masmorra se tornou um caldeirão fervilhante de ambição e conspiração, com cada discípulo buscando elevar seu próprio estatus e poder nas complexas hierarquias da necromancia.
Os Barov: Entre a Ambição e a Ruína
Os Barov, apesar de seu entusiasmo inicial pelo poder e conhecimento prometidos por Kel’Thuzad, começaram a perceber a verdadeira magnitude do pacto que haviam selado. As terras em volta de Scholomance, antes ricas e prósperas, estavam agora murchas e corrompidas pela constante manipulação de energias necróticas. Os nobres da família Barov, agora eternamente vinculados a Scholomance através de juramentos sombrios e magias profanas, encontraram-se presos em uma teia de poder que eles próprios ajudaram a tecer, incapazes de escapar do destino sombrio que haviam escolhido.
Enquanto o poder de Kel’Thuzad crescia e a influência do Flagelo se espalhava por Lordaeron, os Barov clamavam por sua parte no domínio que haviam sido prometidos. Contudo, em um mundo onde o poder necrótico e a manipulação da morte eram moedas de troca, a lealdade e as promessas se mostravam volúveis. Os Barov se viram cada vez mais marginalizados, suas vozes diluídas no coro de seguidores cada vez mais fanáticos do Lich Rei e seus tenentes.
Scholomance: A Eclosão da Guerra contra o Flagelo
Com a eclosão da guerra contra o Flagelo, Scholomance passou a ser reconhecida não apenas como uma ameaça regional, mas como um perigo para todo o mundo de Azeroth. Heróis de várias facções, motivados tanto pelo desejo de erradicar a ameaça necrótica quanto pela promessa de glória e tesouros ancestrais, começaram a se reunir para desafiar a fortaleza de Kel’Thuzad e seus acólitos. Scholomance foi palco de incontáveis batalhas, cada uma delas gravando suas marcas nas pedras antigas do edifício e nas almas daqueles ousados — ou tolos — o suficiente para enfrentar seus horrores.
A guerra contra o Flagelo trouxe consigo histórias de heroísmo e sacrifício, à medida que os aventureiros enfrentavam tanto os experimentos abomináveis deixados para trás por Kel’Thuzad quanto as almas atormentadas dos Barov e outros que se encontravam presos em uma existência torturada entre a vida e a morte. Scholomance transformou-se de um bastião de conhecimento sombrio em um campo de batalha, onde o preço da ambição e o custo da busca pelo poder foram escancarados para todos verem.
Conclusão
Scholomance permanece como um lembrete sombrio das consequências da sede insaciável por poder e do perigo das artes proibidas. Os ecos de suas lições ressoam não apenas através de suas paredes enfeitiçadas, mas no coração de Azeroth, advertindo aqueles que ousam seguir o caminho da necromancia. A história de Scholomance é uma crônica de queda e redenção, de escuridão e da luta incansável contra as forças que buscam usurpar a ordem natural da vida e da morte. E enquanto os ventos frios sussurram através dos corredores vazios de Scholomance, eles falam dos horrores passados e das batalhas ainda por vir, em uma masmorra que se tornou tanto uma sepultura quanto um santuário para aqueles que caminham nas sombras do poder proibido.
Alguns espíritos dos antigos moradores da ilha, ainda vagam por ali, em busca de justiça.